Comunicaê - Educação para a mídia

Projeto registrado na Pró-Reitoria de Extensão da Ufes sob o nº 217, em 10 de abril de 2011.

Apresentação e Justificativa
A partir da influência que os veículos de comunicação exercem sobre a construção das referências e representações do real da sociedade, percebe-se a necessidade de uma discussão sobre a forma como o processo comunicacional é construído.

Compreendendo a escola como um ambiente central na formação do indivíduo como cidadão e ser social, vê-se nela o lugar propício para a discussão proposta.

Nesse sentido, as Oficinas de Educação para a Mídia representam uma forma de mostrar que os produtos comunicacionais são feitos de um lugar e com um propósito, de forma a explicitar a ideia de que tudo é passível de questionamento e discussão.

Pretende-se com as oficinas mostrar que, mais do que meros espectadores, o público deve agir como interlocutor e, também, como produtor de conteúdos.

Conforme prevê o artigo XIX da Declaração Universal dos Direitos Humanos, toda pessoa tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de fronteiras.

O grande contingente informacional que se recebe todos os dias é incontestável.

Porém, muitos teóricos vêm questionando se a programação dos veículos de comunicação atende aos deveres que lhes são atribuídos enquanto concessões públicas (AZEVEDO, BOURDIEU, FERRÉS, MORAES, PENTEADO), tais como a preferência por conteúdos com finalidades educativas, artísticas, culturais e informativas; a promoção da cultura nacional e regional; o estímulo à produção independente; a regionalização da produção cultural artística e jornalística conforme a Constituição Federal, e o respeito aos valores éticos e sociais da pessoa e da família (incisos I, II, III e IV, artigo 221).

Os veículos de comunicação possuem papel importante diante dos repertórios que formam a visão de mundo da sociedade.

Através das novelas, filmes, jornais aprende-se modos de falar, de se comportar e de analisar os fatos. Mas todo esse processo é muito mais complexo.

Antes de tudo, essas representações partem de empresas (MORAES; 2009, p. 87).

Como lembra Heloísa Penteado em Televisão e Escola (1991), a extensão da influência dos meios de comunicação não se dá somente pelo que é dito, mas fundamentalmente pelo que não é dito.

Como forma de manutenção de seu próprio poder, esses meios deixam de levantar questões essenciais, reforçando estereótipos e mantendo o status quo.

Do mesmo modo, as campanhas publicitárias, muitas vezes ferem os direitos previstos na Constituição - que entre outras medidas, proíbe a veiculação de publicidade enganosa e abusiva (art.37) e assegura o princípio da identificação da mensagem como de ordem publicitária (art.36) - expondo o consumidor a eventos lesivos.

Acredita-se que uma das formas de romper com essa dinâmica entre as empresas de comunicação e o desenvolvimento capitalista está nos projetos de comunicação popular e alternativa que, segundo Peruzzo, caracteriza-se como uma expressão política de movimentos populares em busca de maior participação democrática e garantia de seus direitos em que o povo ocupa o papel de protagonista (PERUZZO, 2006).

O acesso do cidadão aos meios de comunicação, como protagonista, é importante para expandir o poder de comunicar.

Quando essa participação é promovido pelas organizações de interesse social ocorre uma possibilidade de se colocar os meios de comunicação a serviço do desenvolvimento comunitário e, desse modo, ampliar os direitos a liberdade de expressão a todos os cidadãos.

Considerando a escola como espaço de suma importância para o desenvolvimento intelectual e a formação de cidadãos, o envolvimento das instituições de ensino nesse debate torna-se fundamental. Nesse contexto, educar exige a preparação dos cidadãos para uma integração reflexiva e crítica na sociedade (FERRÉS, 1996).

Objetivos gerais
Promover a educação midiática de jovens através de oficinas de leitura crítica realizadas nas escolas. As oficinas são realizadas por meio de exposição e discussão de fatos midiáticos relacionados à publicidade, às telenovelas e ao jornalismo. Desta forma, objetiva-se contribuir para a formação de sujeitos críticos capazes de tomar decisões e interferir na realidade.

Objetivos específicos
- Analisar hábitos de consumo midiático dos jovens participantes assim como seu contexto de recepção;
- Exibir fatos midiáticos relacionados aos conteúdos trabalhados nas oficinas: publicidade, telenovela e jornalismo, e promover a observação, discussão e análise do conteúdo examinado;
- Analisar a possível influência do contexto de recepção dos jovens em seus hábitos de uso e consumo midiático assim como seu poder de análise crítica diante dos conteúdos consumidos.
- Auxiliar os estudantes na produção de notícias e vídeos que se relacionem com o tema da oficina; e
- Criar um blog com o objetivo de publicar todo o material produzidos pelos jovens durante as oficinas, assim como relatar suas experiências adquiridas durante os quatro dias de oficina.

Metodologia
Para alcançar os objetivos propostos, são realizadas oficinas de educação midiática em escolas estaduais e municipais da região da Grande Vitória.

As oficinas são realizadas durante quatro dias e com duração aproximada de duas horas.

Os conteúdos que conduzem a formação dos jovens são, respectivamente, publicidade, telenovelas e noticiários.

Também é realizado um estudo exploratório com o apoio da ferramenta metodológica “questionário”.

A partir da aplicação desta técnica é possível analisar o contexto de recepção dos menores assim como seus hábitos de uso e consumo em relação aos meios estudados.

O questionário é formulado a partir de perguntas abertas e fechadas e distribuído aos estudantes no primeiro e último dia das oficinas.

Para melhor processamento da informação são utilizadas fichas de processamento de dados aplicadas a cada questionário realizado.

As fichas são usadas para ordenar e classificar todas as informações obtidas.

Os dados são classificados a partir dos seguintes indicadores: a) Tempo e frequência de uso dos meios de comunicação; b) Modos de uso; c) Tempo de utilização; d) Atividades e conteúdos preferenciais; e) Principal local de uso; e f) Experiência com conteúdos violentos e eróticos ou que fazem apologia a práticas nocivas como o uso de drogas.

Os formulários são preenchidos nas escolas antes das oficinas de formação. A análise total dos dados só é realizada no final das oficinas. O universo da pesquisa é composto por jovens residentes na Grande Vitória, estudantes de escolas municipais e estaduais correspondentes ao 7º, 8º e 9º ano, e ensino médio.

Canais:
https://observatoriodamidia.ufes.br/comunicae
https://www.instagram.com/comunicae.educa; e
https://www.facebook.com/grupocomunicae.

 

Acesso à informação
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