Edgard Rebouças é promovido a Professor Titular da Ufes
Por Ivana Sonegheti de Mingo
No dia 14 de novembro José Edgard Rebouças foi promovido a Professor Titular da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), instituição na qual se graduou em 1990 e para a qual retornou como professor em 2009. Na banca de admissão, colegas que estiveram junto com o professor ao longo dos seus 35 anos de carreira como jornalista e acadêmico: Prof. Dr. Victor Gentilli (Ufes) Profa. Dra. Anamaria Fadul (USP/Umesp) Prof. Dr. Gaëtan Tremblay (UQAM) Prof. Dr. Giovandro Ferreira (UFBA).
Este é sem dúvida o ponto culminante da história do jornalista, pesquisador e professor, que já no início da carreira fez a cobertura jornalística das visitas ao Espírito Santo de personalidades internacionais, como Nelson Mandela, o Papa João Paulo II, e do então Príncipe Charles da Inglaterra.
Graduado pela Ufes, em 1990; mestre em Sciences de l'Information et de la Communication pela Université Grenoble 3, em 1994; doutor pela Metodista de São Paulo com estágio de pesquisa na Université du Québec à Montréal (UQAM), em 2003; e com estágios de pós-doutoramento na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em 2006; e na UQAM, em 2022; Edgard Rebouças tem na Comunicação não apenas uma profissão, mas uma jornada de vida.
Nasceu junto com a popularização da TV nos lares brasileiros, na década de 1960, e adorava ficar na frente da telinha. Mas foi no movimento eclesial de base da igreja Católica que começou a ter uma visão crítica a respeito de como a informação impacta na sociedade. Integrante também dos movimentos cineclubista e estudantil, passou a colocar a comunicação na rotina de trabalhos realizados e no radar de uma prática de socialização e integração social. Já na graduação, teve a oportunidade de trabalhar no antigo Departamento Estadual de Cultura (DEC) e na TV Educativa-ES a partir do convite de Toninho Neves, que viu no jovem Edgard uma motivação nata para inovar no audiovisual. Teve ainda a oportunidade de atuar como jornalista nas redações de A Gazeta, A Tribuna e TV Capixaba.
A compreensão de que a prática social e o desenvolvimento democrático se alinha à comunicação foi ainda alimentada a partir da oportunidade que teve, durante a campanha de Vitor Buaiz à Prefeitura de Vitória, de acompanhar presencialmente os trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte, em Brasília. A experiência reforçou o interesse de Rebouças pela Comunicação e pelo Jornalismo, como forma de acompanhar e levar informações sobre acontecimentos tão importantes para a nossa sociedade.
Esta visão perseguiria Edgard Rebouças tanto na prática jornalística quanto na pesquisa acadêmica. A ida para o mestrado na França ocorreu em um momento de reflexão sobre o papel do jornalista e a ética em torno da profissão. A pesquisa de mestrado em Indústrias Culturais sobre o papel da sociedade na regulamentação da Televisão foi concluída em 1994, na qual Rebouças faz um comparativo entre os países Brasil, França e Estados Unidos.
Em 1995 começou sua carreira como professor da Faesa, a convite do antigo colega do curso de Jornalismo, Omar Carrasco. Encontrei-me com Edgard pela primeira vez na Faesa ainda como estudante de graduação. Aqui peço a permissão para dizer que Edgard era o professor entusiasmado que cobrava questões atuais e técnicas de alunos incrédulos que achavam que na faculdade de Jornalismo iríamos apenas aprender a escrever e falar na frente das câmeras. Edgard queria mais, queria despertar em nós o espírito inovador e empreendedor que sabia que estava nele próprio.
Atuando ativamente na pesquisa acadêmica, em 1998, ao lado de Cecília Peruzzo, Giovandro Ferreira, Victor Gentilli e Juçara Brittes, recebeu o Prêmio Luiz Beltrão de Grupo Inovador na Pesquisa com o Nexo, grupo de pesquisa e extensão sediado na Ufes. Foi a partir desse incentivo que Edgard busca fôlego para iniciar o doutorado na Universidade Metodista, sendo acolhido pelo professor José Marques de Melo e indicado para ser orientando da professora Ana Maria Fadul. No doutorado realizado de 1999 a 2003, pesquisou sobre os grupos de pressão e de interesse nas políticas de comunicação, um comparativo entre o Brasil e o Canadá, quando contou com a coorientação do professor Gaëtan Tremblay.
Em 2005, partiu para o pós-doutorado na Universidade Federal de Pernambuco. No ano seguinte ingressa como professor concursado da UFPE onde irá permanecer até 2009, quando retornou para a Ufes com a missão de colaborar na criação do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Territorialidades (PósCom-Ufes), que já formou mais de 80 mestres desde 2014.
Peço mais uma vez a licença para destacar que, aquele espírito inovador que sempre acompanhou Edgard Rebouças me contagiou em 2018, quando o professor me incentivou a entrar no PósCom-Ufes. Tive a honra de ser sua orientanda e tentei com meu trabalho retribuir um pouco do que me havia sido privilegiado. E a segunda vez que um Prêmio da Intercom para a área de pesquisa veio em 2022, quando recebemos pela melhor dissertação de mestrado, exatamente orientada por Edgard Rebouças, e defendida por mim, Ivana de Mingo, que aqui escrevo.
Se Edgard Rebouças recebe agora o título de Professor Titular da Ufes é porque teve como motivação para sua carreira a Comunicação e a Educação como libertadoras. É desses professores que não esquecem um rosto, cobra do profissional que formou a ética e o compromisso que tenta passar em sala de aula e devolve a dúvida que paira ainda sobre a própria cabeça: “e daí?”, “até onde você vai?”, “está satisfeito?”. Por fim, posso dizer, sem nenhuma dúvida, que Edgard Rebouças continuará inspirando estudantes, dividindo conhecimento com generosidade e contagiando gerações de jornalistas.
Obs. 1: A íntegra do Memorial Descritivo para Progressão a Professo Titular da Ufes é está disponível no documento anexado.
Obs. 2: A íntegra da sessão de apresentação e defesa do Memorial Descritivo está disponível no Canal do Observatório da Mídia no YouTube.
Ivana Sonegheti de Mingo é uma ex-aluna orgulhosa, jornalista pela Faesa, mestra em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo e pesquisadora do Observatório da Mídia: direitos humanos, políticas, sistemas e transparência.